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Texto de Paulo Neves Bonow

“Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”

Os créditos do aforismo são dados a Leon Tolstoi. À primeira vista, parece exagero; a verdade é que grandes escritores não apenas pintaram como cantaram a sua terra. Nesse contexto, cantemos a nossa.

 Lembremos da nossa  adolescência, nessa deliciosa descrição da juventude do escritor em epígrafe, em seu livro "Infância, adolescência e juventude":

Dormia no terraço, ao ar livre, e os raios oblíquos do sol matinal me despertavam. Vestia-me às pressas, punha debaixo do braço uma toalha, um romance francês, e ia-me banhar no riacho, à sombra de um bétula que ficava a meia versta de casa. Depois, estirava-me e lia, parando às vezes para contemplar o lilás sombrio da superfície do riacho que começava a se agitar ao sopro da brisa da manhã, ou o campo dourado de centeio que ficava na margem oposta.